segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Esquecimento do Outro uma Amnésia Estratégica!?

vania21santos@gmail.com

No encontro foi proposto a episterização sobre um certo esquecimento do outro. O outro ao qual me refiro está relacionado aos corpos que hoje identificamos como de mulheres. O tema proposto pretende versar sobre o modo de construção de discursos em relação às “mulheres da antiguidade clássica nos séculos XVIII e XIX, cujas filosofias e corpos rebeldes foram esquecidas por um longo tempo. Discursos tais como o de Rousseau em Emílio ou da Educação se voltavam para a Atenas clássica a fim de encontrarem referências que pudessem legitimar as práticas sociais estabelecidas em seus próprios contextos, transferindo desse modo seus valores de forma anacrônica. Gostaria, em contraponto com aqueles discursos, de mostrar que as “mulheres” atenienses, gozavam de mais liberdades sociais do que estamos acostumados a imaginar o que exemplificaremos por meio da vida de algumas “mulheres” filósofas: Hiparquia filósofa do século IV a.E.C. da comunidade cínica. Farei uma distinção que considero relevante entre gynaikes e mulheres uma vez que é muito comum encontrarmos associações lineares, em algumas literaturas, entre as gynaikes e a situação das mulheres na contemporaneidade. Decerto, não elimino a possibilidade de haver semelhanças, contudo as possíveis semelhanças entre os corpos não nos autorizam (defendo) fazer daqueles, corpos de mulheres do modo como os entendemos hoje.

Um comentário:

  1. O que é contrário pode ser útil. - antonio

    Vânia fiz pequenas considerações, perguntas, afirmações abaixo.

    A idéia mais interessante que lhe sugiro é que não deixe de explorar a questão da importância de um certo essencialismo estratégico em momentos de luta e de reivindicação de política pública específica. A desconstrução pode ser uma meta. A curto prazo, tem que avaliar se não enfraquece a luta.

    As objeções às categorias de: sujeito, indivíduo, natureza humana, homem/mulher, macho/fêmea, feminino/masculino, são pelo fato de tais categorias ontologizar os corpos e vê-los como a-históricos e imutáveis. Os corpos mudam. O que tem mudado? Por quê? Em qual velocidade?

    Pesar a multiplicidade, um mundo sem heteronormatividade, sem misoginia, sem sexismo, sem racismo, anti-semitismo, xenofobia, especismo e dogmatismo.

    “Com relação ao objeto histórico, Rago chama a atenção que “cada vez mais” os historiadores procuram conhecê-lo “muito mais como construção do que como realidade dada, historicizando as práticas que o engendraram”. RAGO, 2000, p. 10.
    Quais orientações e pré-requisitos para que a construção do objeto histórico seja tida como a mais representativa dos fatos possível?

    Todas as relações sociais presentes devem ser justificadas por uma construção coletiva da razão e da vontade. O passado pode servir como referência,mas não como instância normatizadora da atualidade.

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