segunda-feira, 24 de maio de 2010

Encontro: Pitágoras vs Xenófanes vs Heráclito - Thiago Oliveira

Bem, saudações

..., é ..., gostaria de lhes deixar algumas intuições místico-filosóficas para preparar um pouco o debate de amanhã, talvez aflorar um pouco as diferentes sensibilidades, as mais platônicas, as mais pragmáticas, as mais materialistas, e as mais perspectivistas, talvez não tanto as mais pragmáticas (rsss). O conceito de substância, como sabem, designa aquilo que permanece no decurso do tempo, não necessariamente imóvel, mas quase sempre assim. Bem, a matéria é um caso particular de substância que vou procurar colocar em "cheque", talvez em branco. Há muitas formas de fazê-lo, mas vou apresentar apenas duas a "intuição" pitagórico-platônica, e a perspectiva heráclito-anaxagórico-gorgiana. A "intuição" materialista também teve na antiguidade muitos defensores, dentre eles Xenófanes, Parmênides, Zenão e Demócrito se destacaram. Bem meu interesse é epistemológico e com isso quero supor quase que sem ninguém ver (não dá pra diminuir o tamanho das letras, aff!) que há uma perspectiva epistemológica associada a cada uma dessas ontologias, por exemplo uma perspectiva dos "choques", dos contágios, e dos afectos corpóreos associada a ontologia materialista, (tá associada a perspectiva pragmática também), e há uma epistemologia das relações de forças e formas associada as ontologias pitagóricas e heraclitianas (tudo flui, flui tanto que sobram apenas as ondas e as forças do pólemos). É isso, é bem simplezinho, mas acho que vai ser legal.

Até então, abraços, beijinhos, apertinhos, e coisinhas mais (apenas as
convidadas, rsss),

Meryver

Moralogia - Letícia Nagao

Resumo

Moralogia é uma ciência, mas pode ser/efetuar muitas outras agências. É, também e assim como alguma Antropologia, um catalizador de relações de empatia e transformações mútuas; é agente na multiplicação de agências e elementos que compõem/atravessam ações e indivíduos ou entes ou conceitos que prescindem de “humanidade” ou dos adjetivos “social” e individual para agir e efetuar e reverberar na humanidade. Nesse sentido, como quem espera/se esforça para não separar (ou pelo menos não tomar a separação como dada) Antropologia e Moralogia, prática e praticante ou sentimentos de quem sente, minha intenção é propor algumas questões sobre as intenções das práticas de sentido, que se efetuam através da Antropologia – e, nesse caso, com elementos da Moralogia - , e para quem elas são comunicáveis ou úteis.

Como recurso de problematização, tento imaginar que os limites da Antropologia, enquanto uma disciplina, podem ser parecidos com os de um sistema fechado, auto-referente e autopoiético para elucidar as dificuldades de lidar com identidades, discursos de alcance seletivo e inteligibilidades refratárias.

Palavras-chave: amor, pensamento, mente, sentimento, consciência, existência, conhecimento, presunção, inferência, interferência, inconsciência, ignorância, descaso, acesso, controle, ordenação, ordem, ordens, classes, categorias, ordinário, estabilidades, normativo, instabilidade, maleabilidade, extraordinário, acaso, aleatório, coincidente, incidente, desordem, predição, previsão, tendência, caótico, sincrético, hierárquico, forma, conteúdo, nós, outros, natureza, cultura, humanidade, particular, universal, múltiplo, plural, singular, relativo, nativo, resumir, produção, inovação, invenção, criação, original, genuíno, relação, entendimento, amor, empatia, agência, afetação, vida transformação, multiplicação, possibilidades, refração, infração, reflexão, incidência, educação, família, adaptação, disciplina, indisciplina, reação, articulação limites, horizontes, edição, condição, situação, crescimento interno mútuo, benevolência, caráter, evolução, passado, tempo, Moralogia, Antropologia, eterno, duração, mudança, destruição, processo, parâmetros, manutenção, desfiguração, reprodução, presente, vida, morte, animado, inanimado, racional, passional, abstrato, real, surreal, concreto, individuo, sociedade, limite, horizonte, linguagem, comunicação, expressão, conotação, significação, sentido, referencia, acordo, rede, interação, fechado, aberto, permeável, rígido, móvel, estático, dinâmico, mutante, parte, todo, totalidade, estrutura, sistema, função, organismo, contingência, transcendência, implícito, explicito, latente categórico, categórico, latente...

E imitando a Mari, vou tirar Pablo Neruda do bolso:


Orégano


Cuando aprendí con lentitud
a hablar
creo que ya aprendí la incoherencia:
no me entendía nadie, ni yo mismo,
y odié aquellas palabras
que me volvían siempre
al mismo pozo,
al pozo de mi ser aún oscuro,
aún traspasado de mi nacimiento,
hasta que me encontré sobre un andén
o en un campo recién estrenado
una palabra: orégano,
palabra que me desenredó
como sacándome de un laberinto.

No quise aprender más palabra alguna.

Quemé los diccionarios,
me encerré en esas sílabas cantoras,
retrospectivas, mágicas, silvestres,
y a todo grito por la orilla
de los ríos,
entre las afiladas espadañas
o en el cemento de la ciudadela,
en minas, oficinas y velorios,
yo masticaba mi palabra orégano
y era como si fuera una paloma
la que soltaba entre los ignorantes.

Qué olor a corazón temible,
qué olor a violetario verdadero,
y qué forma de párpado
para dormir cerrando los ojos:
la noche tiene orégano
y otras veces haciéndose revólver
me acompañó a pasear entre las fieras:
esa palabra defendió mis versos.

Un tarascón, unos colmillos (iban
sin duda a destrozarme)
los jabalíes y los cocodrilos:
entonces
saqué de mi bolsillo
mi estimable palabra:
orégano, grité con alegría,
blandiéndola en mi mano temblorosa.

Oh milagro, las fieras asustadas
me pidieron perdón y me pidieron
humildemente orégano.

Oh lepidóptero entre las palabras,
oh palabra helicóptero,
purísima y preñada
como una aparición sacerdotal
y cargada de aroma,
territorial como un leopardo negro,
fosforescente orégano
que me sirvió para no hablar con nadie,
y para aclarar mi destino
renunciando al alarde del discurso
con un secreto idioma, el del orégano.

O Esquecimento do Outro uma Amnésia Estratégica!?

vania21santos@gmail.com

No encontro foi proposto a episterização sobre um certo esquecimento do outro. O outro ao qual me refiro está relacionado aos corpos que hoje identificamos como de mulheres. O tema proposto pretende versar sobre o modo de construção de discursos em relação às “mulheres da antiguidade clássica nos séculos XVIII e XIX, cujas filosofias e corpos rebeldes foram esquecidas por um longo tempo. Discursos tais como o de Rousseau em Emílio ou da Educação se voltavam para a Atenas clássica a fim de encontrarem referências que pudessem legitimar as práticas sociais estabelecidas em seus próprios contextos, transferindo desse modo seus valores de forma anacrônica. Gostaria, em contraponto com aqueles discursos, de mostrar que as “mulheres” atenienses, gozavam de mais liberdades sociais do que estamos acostumados a imaginar o que exemplificaremos por meio da vida de algumas “mulheres” filósofas: Hiparquia filósofa do século IV a.E.C. da comunidade cínica. Farei uma distinção que considero relevante entre gynaikes e mulheres uma vez que é muito comum encontrarmos associações lineares, em algumas literaturas, entre as gynaikes e a situação das mulheres na contemporaneidade. Decerto, não elimino a possibilidade de haver semelhanças, contudo as possíveis semelhanças entre os corpos não nos autorizam (defendo) fazer daqueles, corpos de mulheres do modo como os entendemos hoje.